sábado, 2 de julho de 2011

Hackers

Mercadante se reúne com hackers no fisl

O ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, se encontrou hoje, no 12o. Fórum Internacional do Software Livre, com hackers: desenvolvedores de várias comunidades de software livre; ativistas da comunidade Transparência Hacker; pequenos empreendedores que produzem hardware livre; desenvolvedores de padrões abertos; participantes de coletivos digitais; pesquisadores da cultura digital. “Sinto no ar um ambiente de criminalização no que diz respeito ao novo na internet”, o ministro havia dito minutos antes, em sua palestra no evento. “A essência da internet é a liberdade, e se nós perdermos essa referência, ela deixa de ser um instrumento revolucionário”.
Dias depois de haver declarado que vai fazer um encontro com hackers para discutir a reformulação do site do MCT, e de ser criticado na imprensa por isso, Mercadante reafirmou, hoje, a intenção de trabalhar em conjunto com as comunidades desenvolvedoras de software e hardware livre. “A produção de conhecimento na sociedade não se restringe à universidade e às empresas. Há comunidades na web que produzem conhecimento de formas colaborativas, das quais a mais impactante é o software livre”, observou. “O MCT tem que reconhecer, valorizar e apoiar essa comunidade, fazer parcerias, trabalhar junto.”
Durante mais de uma hora, o ministro ouviu propostas, preocupações, conceitos. A abertura para conversar com variados integrantes da cultura digital livre, no MCT, começa onde o Ministério da Cultura está se fechando: com demandas para que o Estado encontre maneiras mais flexíveis de fomentar e apoiar grupos e pessoas que não se organizam, necessariamente, em empresas ou universidades. Muito menos em grandes empresas. “É preciso pensar como as pequenas empresas de hardware vão produzir hardware no Brasil”, alertou Thadeu Cascardo, da Holoscópio, que faz o controlador de placas Brasuino. “Os editais da Finep exigem cessão de patentes que inviabilizam financiamento para hardware e software livre”. “É preciso pensar que nem toda a inovação se faz para atender o mercado”, observou Felipe Fonseca, pesquisador e articulador de redes de cultura digital. “Há gente fazendo inovação nas pontas, para realizar mudanças sociais”. “Esse é um movimento disperso, autônomo e emegente”, afirmou Daniela Silva, da Transparência Hacker. “Tem que haver metodologias que permitam chegar a essas pontas. Precisamos criar espaços hackers em todo o país”. “Os participantes brasileiros de fóruns de desenvolvimento de padrões atuam sem apoio do governo, quase por conta própria”, disse Jomar Silva, diretor-geral da ODF Alliance Chapter Brasil. “Mas esse esforço é reconhecido, lá fora, como um esforço do país”.
Mercadante sugeriu ao grupo que organizasse suas propostas e discutisse uma agenda com o ministério. “Quero colocar minha equipe para converse com vocês”. Solicitou contribuições para organizar, no Brasil, uma Olimpíada de Tecnologia da Informação, nos moldes da Olimpíada de Matemática. Pediu contribuição para desenvolver a nova plataforma do MCT na web.  E reconheceu a necessidade de repensar o modelo institucional, com editais específicos, conceitos de bolsas de pesquisa fora das universidades e uma lei que seria uma espécie de “Super Simples da área de TI”. Ao mesmo tempo, afirmou que é preciso ser realista. “O Estado é lento. Tudo isso tem que cumprir leis, entrar nos Programas Plurianuais, fazer parte das peças orçamentárias”. Hoje, o MCT abriu um espaço de diálogo. Resta ver o que vai se construir a partir daí.

do: www.arede.inf.br

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